Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO 

VOL. VIII, 2022

PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS

ISSN 2965-226X

A arte e a educação como dispositivos político, emancipatório e promotor de saúde biopsicossocial

Thyalle Monike da silva (Faculdade Frassinetti do Recife)

David Saches Santos do Nascimento (Centro Universitário dos Guararapes)

Resumo: O trabalho tem como ponto de partida apresentar indícios reveladores de um mal estar crônico que participa da dinâmica social da população brasileira tendo perpetuado efeitos deletérios sobre sua forma de viver, seu modo de exercer cidadania e se relacionar com o outro, isto é, com a diferença. Seguindo os princípios das ferramentas políticas como a arte e educação que exercem efeitos civilizatórios, por ter na sua constituição os impactos da convivialidade na esfera primária do sujeito, características peculiares de sua cotidiana evolução, vale ressaltar qual o manejo de tais instrumentos tem sido utilizado pela educação, bem como se o seu fazer político tem sido estimulado para promover saúde e reflexão. Cabe destacar o impacto da tibieza de políticas oferecidas pelo Estado na crise oriunda da pandemia que tem afetado diretamente populações já vulneráveis com tais ocorrências. Para identificação das dificuldades foi utilizado obras literárias atuais como o Necropolítica de Achille Mbembe (2018), Racismo estrutural, de Silvio Almeida (2018), O avesso da pele, de Jeferson Tenório (2020) e Interseccionalidade, de Carla Akotirene (2018),  além de obras cinematográficas como Carandiru: o filme (2003), Que horas ela volta? (2015), Cidade de Deus (2002) que levantam sua real ficção sobre um passado que não passa, como uma ferida aberta, agravando-se em seu quadro sociocultural e político do país. Ainda sobre esse estigma, a má administração política sanitária e econômica na pandemia redundou em diversas mortes e maior estratificação hierárquica de classes e acesso restrito à educação e bens e serviços essenciais, reforçando o lugar à margem que alguns indivíduos, têm como destino neoliberal, continuar a pertencer. Ao articular tais manifestações de desamparo do cenário político e cultural, sobretudo das populações vulneráveis da sociedade expressados através da literatura artística e científica brasileira, fez-se refletir sobre a parcela de responsabilidade de cada cidadão na elaboração da práxis política, com vistas ao rompimento de um tradição não inclusiva e antidemocrática. Ao contemplar o viés literário nota-se o princípio de atuação negra na vertente pública e política, e tal atividade recebeu como resposta o estigma e o reforço do preconceito racial, restringindo a vida e os desdobramentos artísticos em instituições asilares, como foram os casos de Lima Barreto, que, embora sua vasta obra literária impressionou a época e a atualidade, sua imagem de alcoolista chega antes de seu trabalho; Machado de Assis, pelo seu vasto e ilustre percurso literário, incumbiram-se de clarear sua cor, e seu diagnóstico de epilepsia ainda faz com que sua obra seja olhada com desconfiança, além de Augusto dos Anjos que foi encerrado junto com sua obra nas características melancólica, pessimista e depressiva. Acusados de loucos, conseguiram denunciar as condições vividas pela população negra e pobre, inclusive daqueles que estavam internados em hospitais psiquiátricos. É válido aferir que, devido a estratificação classicista, a área da saúde era testemunha fiel de tal hierarquia, uma vez que a medicina atuava arbitrariamente e acolhia aqueles indivíduos portadores de privilégios sociais, políticos, econômicos, culturais e sobretudo raciais. Logo, vale ressaltar que o poder intrínseco da cidadania pode ser resultante do escamoteamento ao se introduzir no cotidiano a banalidade da falta ética e reproduções imaginárias de práticas excludentes, permeados por uma passividade típico de quem está atravessado pela dominação reagindo como opressor. Às tais tentativas de mudanças e incorreção na mesma atitude dominante, pode-se contar com instrumentos de valorização da dignidade humana como a Declaração Universal do Direitos Humanos (1948) como fundamentais para que o imperativo que haja seja o uso da democracia e o desmantelamento cotidiano e transversal de pensamentos excludentes, estigmatizantes e perpetradores de dominação.

Palavras-chave: Arte; educação; política; saúde.

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