Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
Entraves políticos e econômicos do terceiro setor: contribuições da Psicologia Social
Letícia Maciel Martins Tavares (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Júlia Terena de Souza Lima Dias (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Gabriela Macêdo de Santana (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Mateus Ântoni Moreira da Silva Maciel (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Stefany Costa Silva (Universidade Estadual de Feira de Santana)
André Leonardo Maciel Soares (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Carlos César Barros (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Resumo: O presente trabalho deriva de uma inquietação nascente de uma intervenção em campo, dentro da disciplina de Intervenções da Psicologia em Contextos Comunitários, do curso de Bacharelado em Psicologia da Universidade Estadual de Feira de Santana. Enquanto uma atividade realizada com o objetivo de aprofundamento teórico-prático frente à possíveis áreas de atuação da psicologia social comunitária, foi possível estar em contato com uma ONG da cidade, e dela derivou a necessidade de pesquisar sobre as articulações entre o terceiro setor no Brasil, através dos principais problemas e dificuldades que recaem sobre ele. Assim, o trabalho se direciona à compreensão dos entraves políticos e econômicos das Organizações Não Governamentais (ONG'S), também conhecidas como políticas do “terceiro setor”. A própria contextualização da presença e de desenvolvimento dessas instituições no Brasil tem um fator de extrema relevância para a compreensão da inserção da Psicologia Social e suas contribuições à categoria. Neste ínterim, o problema de pesquisa se apresenta como: “quais são os entraves políticos e econômicos do terceiro setor e como a Psicologia Social pode contribuir nesse âmbito?”. Com as tensões políticas cada vez mais intensas no Brasil, que alguns autores consideram como o enxugamento do Estado, o terceiro setor tem sido uma potencial estratégia de enfrentamento às mazelas e iniquidades sociais, acarretando em possibilidades expressivas no campo de atuação profissional do psicólogo, na perspectiva social. As dificuldades encontradas referentes à produção recaem nas condições de precariedade que estas organizações assumem frente à realidade política e econômica do país, enfrentando períodos de muita oscilação quanto à presença ou não dos incentivos e doações necessários para que elas continuem funcionando, fato que em muito ameaça a continuidade de trabalho destas instituições. Também é possível visualizar a presente burocracia frente à ajuda governamental, que só se faz presente diante de uma extensa documentação para aquisição da qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), por vezes necessitando de vinculação partidária para que tal encaminhamento seja viável. Para a realização da pesquisa e levantamento de dados, foi realizada uma busca por artigos dentro dos índices Lilacs e SciELO, que pudessem trazer uma maior visibilidade na forma como o setor se mantém dentro do cenário nacional, como também buscou-se pelos descritores "psicologia social", e "organizações não governamentais", trazendo o enfoque em artigos que pudessem fazer uma articulação com a profissão da psicologia e de como ela se configura, colaborando ou não dentro do panorama. Com os resultados, foi possível visualizar que o cenário nacional tende a ser, de maneira presente, ainda dificultoso para que as ditas ONGs permaneçam em funcionamento de maneira confortável, fazendo com que o conflito de forças ainda seja um elemento prevalecente neste cenário. Observa-se, ainda assim, o potencial de resistência que estas organizações desempenham quando, em seu panorama de ação, enfocam o olhar por sobre populações minoritárias e desamparadas socialmente, exercendo aí um papel que deveria ser do Estado, mas que não é exercido pelo mesmo, em oferecer recursos básicos em matéria de atendimento médico, oportunidade de lazer, práticas educativas e demais recursos a essas pessoas. Vê-se também o potencial de inserção da psicologia social comunitária, ao se considerar sua prática atuante frente a um cenário que exige um profissional não para fazer clínica, mas para auxiliar dentro dos processos de construção e manutenção daquela comunidade, apoiando na própria consolidação de políticas e práticas que viriam a ofertar uma maior autonomia desta população. É plausível destacar a necessidade de conhecer mais sobre o panorama brasileiro das ONGs que aqui se fazem presentes, a partir do potencial desempenhado pelas mesmas no sentido não apenas assistencial, mas de articulação para o desenvolvimento de identidades e de lideranças, funcionando também como elemento auxiliador nestas construções. Destaca-se aí o papel da psicologia em seu fazer ético e humano, preocupado com as demandas da comunidade para ingressar dentro destes espaços não como um profissional carregado de saberes, mas como aquele que tem muito a aprender, tendo sido preciso se "desnudar" no que tange às práticas profissionais consolidadas na formação, em busca de desenvolver um trabalho pautado na condução e não na liderança do fazer.
Palavras-chave: ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS; PSICOLOGIA SOCIAL; VULNERABILIDADE SOCIAL; INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL.