Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
Nise da Silveira: A Potência de suas Contribuições para um fazer Crítico na Psicologia Social
Maria do Socorro Santos da Silva - Centro Universitário Vale do Ipojuca - Caruaru/ PE
Éllen Carla Serafim da Silva - Centro Universitário Maurício de Nassau - Caruaru/PE
Resumo: Ao debruçarmos no olhar social, investigativo e crítico sobre a formação do psicólogo frente à realidade brasileira, as autoras demonstram interesse pelo eixo temático 01, tendo seu entrelaçamento com o título Nise da Silveira: A Potência de suas Contribuições para um Fazer Crítico na Psicologia Social, por reconhecerem a importância do debate e do olhar crítico que coloque em questão o contexto de agravamento das crises políticas, sociais, culturais e econômicas que atravessam a vida dos sujeitos, estes que são afetados e que têm seus sofrimentos potencializados por uma atuação da necropolítica e do neoliberalismo. Tendo como objetivo central trazer à tona a revolucionária e psiquiatra Nise da Silveira como inspiradora na construção de uma práxis psicológica crítica e que se posiciona frente às injustiças sociais.
Palavras-chave:Nise da Silveira; Psicologia crítica ; Psicologia Social ; Era Vargas; Governo Bolsonaro
Introdução
No período de 1930 no Brasil dava-se início a Era Vargas a qual pôs fim à República Das Oligarquias tendo como consequência uma mudança no projeto de governo. À luz do governo de Getúlio Vargas, que permaneceu no poder por 15 anos, o seu governo compreendeu três fases: o Provisório, o Constitucional e o Ditatorial. Estes estando por sua vez entrelaçados com os instrumentos de análises desta pesquisa por serem marcados por períodos ditatoriais, de repressão e violências para todos aqueles que tinham ideias divergentes às do governo vigente na época; eram perseguidos, castigados, silenciados e nomeados como comunistas. Aqui, portanto, tortura, exílio e morte eram destinos para todos aqueles que contrariavam os ideais do governo, como pontuado a priori. Nesse cenário de caos e repreensões, em meio a uma época que o Brasil se encontrava em ditadura e grupos sociais eram silenciados, mediante a esse contexto estava inserida a psiquiatra Nise da Silveira, cujos projetos de caráter revolucionário sofreu tentativas de silenciamentos e reverberam na atualidade até que ecoam como forma de ciência, resistência e luta em tempos sombrios onde as necropolíticas emergem a partir de controles sociais e injustiças que alcançam grupos e pessoas historicamente excluídas. Mediante a contextos ditatoriais, em março de 1936 Nise da Silveira é presa, acusada de se envolver com o comunismo. Neste período, existiam órgãos de repressão que buscavam indícios de qualquer ligação das pessoas com o Partido Comunista Brasileiro, ou até mesmo que fizessem leituras de livros cujos autores tinham ideias comunistas. Mesmo após ser presa e também ser considerada uma ameaça para a nação, Nise continuou seu trabalho e modificou a forma de pensar o cuidado em saúde mental no Brasil, trazendo à tona novas formas de fazer ciência e de atuação clínica que considerem sobretudo os atravessamentos sociais que os sujeitos estão inseridos.
Tomando consciência disto, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os contextos sociais e políticos brasileiros das épocas (1936-1945 e 2018-2022), relacionando-as e buscando demonstrar como um fazer crítico na psicologia social se faz urgente em tempos antidemocráticos em que as necropolíticas se fazem presentes e a população por vezes é submetida a condições de vida que mais se aproxima da morte, sendo a morte, portanto, exercício de dominação e que atravessa aspectos psicossociais dos sujeitos que vivem entrelaçados com essa realidade de violências, opressões e silenciamentos.
Metodologia da apresentação
A metodologia deste trabalho constitui-se em uma revisão bibliográfica do cenário ao qual Nise estava inserida, relacionando-o ao contexto de crise política e social atual, para este último utilizar-se-á matérias jornalísticas relacionadas ao tema. Sendo assim, a apresentação do presente trabalho no VIII Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO - 2022, dar-se-á de forma oral, contando com a demonstração de banners como forma de fomentar a discussão temática, engajando os inscritos presentes na apresentação e, principalmente, buscando formar conceitos e ideias sobre a práxis de uma psicologia social política, inspirando-se em Nise da Silveira e seus enfrentamentos diante das opressões.
Referências
DA SILVEIRA, Nise; MELLO, Luiz Carlos. Nise da Silveira. Beco do Azougue Editorial, 2009.
LIMA, Gracinéia Rodrigues et al. Nise da Silveira e a rebeldia que transforma. 2017.
NETO, Lira. Getúlio (1930-1945): do governo provisório à ditadura do Estado Novo. Editora Companhia das Letras, 2013.
MARTÍN-BARÓ, Ignacio. Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais. Editora Vozes Limitada, 2017.
SAFATLE, Vladimir; DA SILVA JUNIOR, Nelson; DUNKER, Christian. Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Autêntica Editora, 2021.
RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Editora Record, 2020.
Palavras-chave: Nise da Silveira; Psicologia crítica; Psicologia Social; Era Vargas; Governo Bolsonaro