Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
CREAS NAS ESCOLAS - Projeto Minha Escola Protege
Lucileia Poliana de Amorim Morais - Formação: Psicóloga
Função: Coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) - Flexeiras/AL
Ester Félix Bertolino - Função Psicóloga do CREAS Flexeiras/ AL
Alyssandra Pereira da Silva Assistente Social do Creas - Flexeiras/AL;
Inadê Morais da Silva - Formação em Recursos Humanos - Educadora Social Creas Flexeiras/AL
Resumo: O Projeto Minha Escola Protege foi elaborado com a intenção de enfrentar a realidade da violência contra crianças e adolescentes do município de Flexeiras após o período mais crítico da pandemia, tendo como foco as Escolas da Rede Pública do Município. A violência em suas mais diversas formas é um grave problema social, uma realidade cruel que atinge a sociedade em geral e que tem consequências a curto e longo prazo principalmente quando acometem crianças e adolescentes. O Projeto foi construído tendo como base a Lei nº8.069/90 especialmente o artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que diz que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Com relação a estratégia utilizada, o Projeto em tela é executado em três etapas e dias distintos, a saber: primeiramente com todos os profissionais da escola, independente da função que ocupem uma vez que todos são essenciais para o funcionamento da instituição e estão aptos a identificar violações direitos, bem como o dever legal de acionar os órgãos competentes mesmo que seja somente uma suspeita de violência, trata-se de um momento em que o CREAS e a ESCOLA reafirmam e fortalecem a parceria quanto a proteção dos direitos preconizados no ECA, também é trabalhada a ficha de notificação como um instrumento facilitador da denúncia com informações essenciais para o acompanhamento do caso. A segunda etapa tem como público alvo os pais, trabalha-se com estes todas as formas de violência que atingem crianças e adolescentes, as mais debatidas socialmente, como a violência física, sexual, psicológica, bem como a o bullying, negligência, o abandono e o trabalho infantil, aborda-se os sinais que as vítimas emitem quando algo está acontecendo e a responsabilidade dos pais em protegerem seus filhos, incentivando o diálogo, o fortalecimento de vínculos, o respeito e cuidado deixando claro que a responsabilidade dos pais é indelegável. Por fim os alunos são contemplados com o projeto, quando se trabalha todas as formas de violência, os meios de denúncias, maneiras de se protegerem, bem como o comportamento dos agressores. Sabe-se que a violência no ambiente escolar também é presente então o bullying é trabalhado com os estudantes, abordando seus prejuízos físicos e psicológicos e estimulando a cultura de respeito as diferenças. O Projeto vem sendo aplicado desde agosto de 2021 e já atingiu 07 (sete) escolas, sendo 04 (quatro) da zona rural e 03 (três) da zona urbana, restando 04 (quatro) unidades escolares para que todas sejam atingidas. Com relação as dificuldades apresentadas na execução destaca-se os impasses em definir as datas da aplicação junto os diretores e coordenadores devido ao cronograma escolar; bem como as formas de atrair os pais para os encontros visto que estes pouco participam da vida escolar de seus filhos; fazer com que os profissionais da educação compreendam a responsabilidade de todos independente da função que ocupem no que diz respeito as denúncias de violência; pouca adesão dos Conselheiros Tutelares que também são convidados a participar para esclarecer suas atribuições; dificuldades na compra de materiais necessários devido a falta de repasses financeiros por parte do Governo Federal e ausência de um envolvimento maior das Escolas no Projeto. O Projeto Minha Escola Protege nos possibilitou compreender o quanto é importante para equipe CREAS estar mais próximo das Escolas, levantando as necessidades e demandas e atuando de maneira também preventiva, trabalhando todos os atores do ambiente escolar, compartilhando responsabilidades, esclarecendo o papel do CREAS e principalmente esclarecendo os sinais expressos pelas crianças em situações de violência, contribuindo para tomadas de decisões assertivas das Escolas frente as violências e buscando garantir os direitos preconizados no ECA. O papel do Psicólogo contempla além do direcionamento legal de vítimas de violência e acompanhamento familiar ações que contribuam para a diminuição do desrespeito aos direitos humanos, uma vez que o sofrimento psíquico é uma demanda real e crescente no país e o cuidado com o ser humano só se torna possível quando se reconhece a dignidade humana como fundamental, cabendo ao profissional da psicologia defender os Direitos Humanos..
Palavras-chave: CREAS. Violência. Escola. Crianças. Adolescentes. Denúncia.