Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
A produção científica da Psicologia na interface com o Marxismo no Brasil
Cecília Tavares Guimarães - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Ana Ludmila Freire Costa - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Isabel Maria Farias Fernandes de Oliveira - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Resumo: O padrão de cientificidade da modernidade, hegemônico na academia nos dias atuais, se insere na história humana, a partir do período em que a transformação da sociedade, a mudança no modo de produção e por conseguinte, estruturação, demanda da produção de conhecimento um referencial técnico necessário ao incremento da produção. (Bernal, 1938; Tonet, 2013). Assim, a gênese da ciência moderna pode ser associada à esse fervor da nova sociedade, na qual as exigências da acumulação do capital foram o impulso para a o desenvolvimento desse novo paradigma de conhecimento estão intrinsecamente associadas à sua origem histórico social. A Psicologia surge para atender os interesses da burguesia, interessada em se constituir enquanto ciência aos moldes do padrão de racionalidade científica, do paradigma agora dominante. Desde então, vê-se um perfil alinhado ao projeto capitalista: como apontam Oliveira & Paiva, a Psicologia se volta para o “desenvolvimento de um ideário individualista, privativo, subjetivo e inconsciente, que funcionou como instrumento de moldagem, controle dos corpos e ajustamento” (2016, p. 226). Esse modelo de Psicologia firma, então, seu compromisso com as elites. Nessa dinâmica, o contexto social e histórico, as contradições de classe, são negligenciados durante muito tempo (Oliveira & Paiva, 2016). Essa concepção cria uma cultura profissional, dominante ainda hoje no ideário social, do profissional de Psicologia liberal, neutro, clínico. O questionamento de como a história da Psicologia vêm se construindo no Brasil até então, nesses 60 anos de profissão, é o de como ela é chamada a responder às demandas do campo social, que outras perspectivas são possíveis à Psicologia na lida com as classes subalternas, como pode a Psicologia romper com esse ideário individualista e proporcionar mudanças com potencial revolucionário na vida das pessoas. O diálogo com o Marxismo tem possibilitado, além da reflexão acerca da sua função social, empreender discussões que objetivem desvelar a ideologia presente na psicologia (Lacerda Jr, 2016), bem como a construção de um novo referencial teórico para a área. Como consequência, têm se buscado possíveis articulações do Marxismo com a Psicologia, sem necessariamente se falar de uma Psicologia Marxista, mas utilizando desse referencial e da orientação teórico metodológica no horizonte da transformação da realidade social em que atua e pesquisa (Oliveira & Paiva, 2016). Diante do que foi exposto, nos interessa problematizar as relações entre psicologia e marxismo no Brasil, a partir da produção científica da área, bem como a interlocução dos grupos de pesquisa e pesquisadores que resgatam o marxismo como orientação teórico-metodológica para a Psicologia. Para isso, serão coletados artigos em bases de dados reconhecidas pela área, associando ao termo “Psicologia”, termos como “Marx, “Marxismo”. De posse do material selecionado, a análise dessa produção será feita com base nas ferramentas cientométricas e de revisão sistemática de literatura. Trata-se de uma pesquisa em andamento, logo, a expectativa é que se possa gerar um mapa da produção que possa responder a questões como: Que relações possíveis brotam da aproximação da Psicologia com o Marxismo? A Psicologia, ou parte dela, têm utilizado desse referencial para pensar uma práxis transformadora das condições de vida?.
Palavras-chave: Psicologia; marxismo; produção científica; práxis.