Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO 

VOL. VIII, 2022

PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS

ISSN 2965-226X

Vivência coletiva como estratégia de resistência e fortalecimento feminino

Maria Taiana Siqueira Ferro - UFAL - Unidade Palmeira dos Índios

Viviane dos Santos Bezerra - UFAL - Unidade Palmeira dos Índios

Jéssica Maria Melo - UFAL - Unidade Palmeira dos Índios

Resumo: O presente trabalho é resultado da atividade prática de extensão denominada Imaginação ativa, individuação e visualização criativa no confronto com o inconsciente. As atividades foram desenvolvidas com mulheres entre 17 e 38 anos de idade, ocorrendo uma vez por semana durante três meses, estando relacionadas à leitura e discussão dos capítulos do livro Mulheres que Correm com os lobos, de Clarissa Pinkola Estés. Nos encontros havia a reflexão sobre os processos arquetípicos presentes nos contos do livro, assim como a partilha de aspectos que aconteceram em momentos passados ou atuais da vida das mulheres. Ao fim do compartilhamento das percepções, sensações e sentimentos, eram desenvolvidas práticas de acesso ao inconsciente com as participantes, como por exemplo, meditações, atividades de reflexão, escritas e desenhos. Todas essas ações visavam o autoconhecimento, visto que o fato de não conhecerem a si próprias era o maior problema relato por elas, bem como a inexistência de um espaço de abertura em que pudessem expressar livremente suas aflições, sentimentos e angústias. Dessa maneira, cada um dos encontros promovia diferentes reflexões sendo possível alcançar resultados em amplos aspectos, desde autoconhecimento feminino até práticas e rituais de autocuidado, para que, assim, as potencialidades das participantes fossem descobertas; havendo ciclos de transformação, pois processos que antes causavam anseios puderam ser alcançados, como términos de relacionamentos, início de novas relações e geração de um novo ser pelo processo gestacional; Discussão sobre o machismo, invalidade e repressão feminina, fazendo com que o grupo mudasse algumas formas de pensar e agir; promoção do amadurecimento e resiliência necessária para não compactuarem com a invisibilidade do sofrimento feminino. Cabe ressaltar que este projeto embasou-se nos processos psicanalíticos de imaginação ativa e individuação, de Carl Jung, a partir das perspectivas interdisciplinares dos estudos sobre arquétipos mitológicos. Contudo, também pode ser remetida a teoria das representações sociais, de Moscovici, pois de acordo com os relatos presenciados nas vivências, as mulheres apontaram sobre como agem sendo reflexo do que as pessoas esperam delas, ou seja, a correspondência das expectativas dos outros são incorporadas pelo indivíduo e ele termina a apresentar um papel que esperam que seja desempenhado. Essa correspondência leva as pessoas a assumirem representações para poder dar conta das expectativas alheias atribuídas pela influência das diferentes culturas existentes na sociedade, bem como, por vezes é utilizado para fortalecer a cultura de repressão frente à mulher. Portanto, é perceptível a extrema importância da atuação da Psicologia no processo de desconstrução de estereótipos, estigmas e práticas discriminatórias que invalidam o importante papel da mulher na sociedade, assim visamos contribuir com a construção de um espaço propício às discussões sobre as diversas realidades femininas, os desafios ao qual são submetidas diariamente e os movimentos de lutas e resistência que têm sido construídos. Ademais, o trabalho a ser apresentado tem como objetivo discorrer pautas referentes ao sofrimento feminino e a importância da articulação coletiva para enfrentamento da opressão feminina, que é fruto da cultura patriarcal existente em nossa sociedade.


Palavras-chave: Papel da mulher; Processo em grupo; Fortalecimento feminino.

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