Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
A psicologia nos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos do Centro de Referência de Assistência Social
DÉBORA DE SIQUEIRA ARAUJO RODRIGUES - PSICÓLOGA DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNICA SOCIAL DE FLEXEIRAS/AL
Resumo: O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), apresenta-se como porta de entrada dos serviços ofertados pelo Sistema Único da Assistência Social (SUAS), fazendo parte da Proteção Social Básica. O público prioritário atendido nesses equipamentos são pessoas em situação de vulnerabilidade psicossocial e o foco é o acompanhamento dessas famílias e indivíduos. Na proteção básica também existe o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), como objetivo prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento e fortalecimento de vínculos e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. O trabalho com grupos do Serviço é um dos serviços ofertados no CRAS e que abarca todas as faixas etárias: crianças, adolescentes, adultos e idosos. O desenvolvimento de habilidades socioemocionais em grupo de adolescentes do SCFV foi um projeto iniciado no início deste ano, percebendo-se que o serviço poderia preencher essa lacuna de falta atenção à saúde mental. Orientadores e facilitadores do serviço traziam constantemente essa demanda relacionada as dificuldades de relacionamentos interpessoais, que está diretamente ligada as habilidades socioemocionais. O planejamento do projeto levou em consideração o grupo já formado como um ambiente acolhedor e emocionalmente seguro para que os adolescentes pudessem se expressar e compartilhar experiências, aprender sobre si mesmo e agir de forma mais assertiva nos desafios e nas adversidades que a vida impõe.O principal objetivo foi possibilitar que os adolescentes se colocassem como protagonistas de suas vidas, aprendendo a gerir suas emoções e que pudessem desenvolver recursos psíquicos para lidar com as suas dificuldades emocionais. Por viverem em ambiente no qual a vulnerabilidade psicossocial se faz presente, e o CRAS apresenta-se como um dispositivo que busca resgatar os vínculos familiares e comunitários fragilizados e/ou rompidos, a psicologia pode inserir em sua práxis intervenções cuja finalidade seja a promoção de saúde mental, promovendo a autonomia e o autocuidado. Com o intuito de potencializar minha função enquanto psicóloga no CRAS, iniciei um projeto sobre o desenvolvimento de habilidades socioemocionais com adolescentes, percebendo que este é um espaço de grandes possibilidades de intervenção para cuidar da saúde mental. Pensar em diferentes formas de como a psicologia inserida da política de assistência social pode contribuir em prol da saúde mental do indivíduos assistidos, pois a realização desses grupo nos mostrou que é no encontro com pessoas, afetos e potencialidades são construídas e ressignificadas. Mensalmente, são realizados encontros com o grupo e são feitas oficinas, com duração de aproximadamente 2 horas, com temas voltados para as habilidades socioemocionais, com por exemplo, responsabilidade afetiva, empatia, comunicação assertiva. A medida que os grupos ocorrem, também é pensado como inserir as demandas dos adolescentes na temática. São realizadas dinâmicas, role plays, rodas de conversa e atividades lúdicas para trabalhar as temáticas com os adolescentes. Nos encontros, busca-se a participação de todos e a também a troca de experiência, uma vez que a proposta de intervenção é pautada no protagonismo dos sujeitos. Entendemos a importância de proporcionar, a partir da escuta clínica do psicólogo durante o trabalho com o grupo, que os adolescentes tenham a oportunidade de transformar sentimentos em palavras e perceber-se em sua narrativa. Um momento de reflexão e orientação sobre formas de agir e lidar com o mundo. Fazer da psicologia além de profissão um ato político, em defesa de políticas públicas de qualidade e que atenda às necessidades do usuário em sua totalidade. Pensar na atuação de forma crítica e pautada na integralidade, na alteridade, na ética, no encontro com o outro (usuários e demais profissionais da equipe), pois entendemos que apenas um trabalho em rede pode gerar um trabalho com excelência.
Palavras-chave: Psicologia; assistência social; grupos.