Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
A transdisciplinaridade para uma educação antirracista na formação inicial docente
Maria de Fátima Oliveira Batista (Universidade de Pernambuco)
Winnie Gomes da Silva Barros (Universidade de Pernambuco)
Ana Maria Sotero (Universidade de Pernambuco)
Resumo: Prática pedagógica foi realizada com as turmas dos cursos de Licenciatura em Pedagogia (7º e 8º Períodos) e Letras (5º período) da Universidade de Pernambuco no Campus Mata Norte em Nazaré da Mata que estavam cursando a disciplina “Educação das Relações Étnico-Raciais”. A atividade iniciou com uma roda de conversa com as/os estudantes a fim de refletir sobre o porquê da relevância de uma educação antirracista. Para isso, resgatando memórias de como foi abordado e o que aprendeu durante o período escolar da educação básica (Educação Infantil, Ens. Fundamental Anos Iniciais e Finais até o Ensino Médio sobre as histórias e culturas dos povos originários que habitavam o território, hoje Brasil e africanos que aqui chegaram na condição de escravizados. Dando sequência ao levantamento e discussão da concepção tanto da prática docente quanto nos livros didáticos, os limites e possibilidades a partir da visão das/os discentes. Durante a reflexão a conclusão foi que a abordagem docente era panorâmica e pautada na concepção estereotipada e limitada em relação tanto dos povos originários quanto os africanos e afro-brasileiros apresentada pelo livro didático, além do preconceito por outras situações, como das/os estudantes com deficiência, a/o gorda/o e o Bullying. Foi quando resolvi apresentar para leitura, análise e discussão dois artigos, “Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão”, da autora Gomes, Nilma Lino (2017), e “História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados” de Sant’ Ana, Antônio Olímpio de (2005), para mobilizar as/os discentes para compreensão de tais conceitos. Como exemplo da problemática da relação preconceituosa no âmbito escolar, solicitei a leitura do texto com o resultado da pesquisa, cujo título: “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” (2009), realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), constatou que o preconceito e a discriminação estão presentes no processo das relações da comunidade escolar, ou seja, entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. A partir do material estudado e debatido pelas/os estudantes, foi refletido sobre a urgência de dar subsídios para a planejamento de situações que transformem a escola em um ambiente de promoção da pluralidade da existência humana e do respeito às diferenças. Como também superarmos o limite da concepção de inclusão, pois só diz respeito às pessoas com deficiência abordado no âmbito educacional. Na perspectiva de ampliar tal ideia, propus às professoras dos componentes curriculares Educação Inclusiva e Práticas Recreativas e Lúdicas; Educação, Direitos Humanos e Cidadania para somarem com a discussão e mobilizando as/os estudantes para a confecção de um jogo de percurso que levasse a reflexão das/os participantes dos corpos docente e discente acerca relevância da promover o respeito às diferenças com vistas ao fortalecimento da cidadania, por meio de situações crítico-reflexivas e ilustradas com fragmentos de textos literários (poesia, contos, romance, outros); científicos, música, fotografia, desenho, entre outros recursos visuais, indicações de filme, documentário, obra de arte. A ideia consistiu em organizar com e para as docentes e as/os estudantes dos dois cursos, um estudo transdisciplinar no sentido de dialogar e (re) construir sentido e significado acerca dos diversos conceitos por meio da multiplicidade de olhares, quer dizer, possibilitar a compreensão dos fatores e consequências das desigualdades e a sobreposição tanto da opressão quanto da discriminação existentes no processo das relações na nossa sociedade, que desemboca no ambiente escolar. A experiência constituiu-se em um atividades transdisciplinar e envolveu as diversas turmas na reflexão crítica e produção de material pedagógico lúdico que poderá ser utilizado na educação básica por professores e alunos.Referências bibliográficas: GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal, v. 10639, n. 03, p. 39-62, 2005; SANT’ANA, Antônio Olímpio de. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. Superando o racismo na escola, v. 2, p. 39-67, 2005; MAZZON, José Afonso. Preconceito e discriminação no ambiente escolar. São Paulo: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas-USP e INEP, 2009; SANTOS. Akiko. Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco princípios para resgatar o elo perdido. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13 n. 37, p. 71-83 jan./abr., 2008..
Palavras-chave: Educação antirracista; Transdisciplinaridade; Formação inicial docente.