Resumo: Este trabalho objetiva fazer o relato de experiência da implementação do estágio básico em um curso de psicologia, no sertão central de Pernambuco, na primeira fase da pandemia da Covid-19. De acordo com as orientações do Ministério da Educação, as diretrizes curriculares de estágio básico em psicologia devem compreender nos seus conteúdos programáticos a articulação entre o desenvolvimento de competências e habilidades como processo de construção da identidade profissional da futura psicóloga. Essa demanda é bastante complexa e se tornou um desafio atendê-la no contexto da pandemia da Covid-19, sobretudo para um curso em fase de implementação, que precisava iniciar as experiências das primeiras turmas de estágio básico, com qualidade ética, técnica e pedagógica, em um contexto tão adverso. Com isso, algumas estratégias precisaram ser criadas e adaptadas. Para discutir essas vivências, lançamos mão de narrativas, construídas a partir da releitura dos diários de campo dos autores, que puderam dar pistas sobre o desenvolvimento de competências e habilidades dos estudantes. Também, do reencontro com as atas de reuniões pedagógicas de planejamento, que propiciaram mostrar trilhas pensadas. Além de reflexões sobre documentos institucionais, tais como, Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em psicologia (2011) e Projeto Político Pedagógico do curso em questão. Reflexões embasadas em leituras de livros e artigos, que discorrem sobre formação em psicologia, serviram de amparo para apoiar a discursão das narrativas. O estágio básico 1 tem como objetivo fazer com que o discente desenvolva a habilidade de observar o território destacando as suas potencialidades e vulnerabilidades através de diagnósticos situacionais de acordo com o referencial teórico da psicologia e as características da população-alvo, explicitando deste modo a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais na comunidade. Para isso, fora desenvolvido instrumentais como atividades norteadoras para a ida da discente a campo, trazendo como questionamentos desde o que a aluna considera mais importante a ser observado a quais são suas estratégias e táticas básicas para esta observação. Seguindo nesta mesma linha, são orientadas a realizarem descrições do ambiente, pontuando aspectos objetivos que podem ser verificados neste local até a forma como cada aluna se percebe diante daquele espaço, para isso a preceptora solicita que estas, possam através de desenhos representarem a forma de ver, representar e sentir esse lugar. As alunas são orientadas também a analisarem aspectos pessoais no que diz respeito a que atividades essas pessoas estão executando naquele espaço e quais são os tipos de emoções que estão sendo expressas pelas pessoas que frequentam esse lugar tendo este que justificar em que está respaldada as suas observações, se é pelo comportamento, pelas conversas do cotidiano, seja por expressões faciais. As supervisões aconteceram na modalidade remota síncrona, mediada pelo Google Meet e com base em metodologias significativas. As preceptorias aconteceram nas modalidades remotas síncronas e assíncronas com base na metodologia do psicodrama pedagógico. Os instrumentais pedagógicos usados focavam observação participante, análise crítica e afetiva de cenários e contextos sociais, reflexões sobre o fazer ético da psicologia. Os espaços observados foram: ruas, instituições escolares e de saúde, mercado público municipal. Essa atividade propiciou, entre outras coisas, a construção de novos sentidos para lugares cotidianos e percepção da necessidade de atuação da psicologia em espaços nunca, antes, pensados. Foram vividos múltiplos sentimentos, as vezes até antagônicos, como por exemplo: estranheza, alegria, tristeza, raiva, amor, espanto, surpresa. O estágio básico, para além de todos os desafios, foi potente na prática social e na formação profissional e pessoal de estudantes, preceptores e supervisores.

Palavras-chave: Formação em psicologia, Estágio Básico, Pandemia, Covid-19.