Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
Atravessamentos psicossociais de corpos LGBTQIAP pela legitimação de suas identidades no atual contexto político brasileiro
Profa. Ma. Maria Augusta Costa dos Santos (UFAL)
Eduardo Weslley Marcolino da Silva (UFAL)
Carolina Ventura Cavalcante Barbosa (UFAL)
Resumo: As discussões acerca da diversidade sexual e identidades de gênero no Brasil vem sendo reforçada em diversos âmbitos sociais, a fim de que possa existir uma problematização em cima dos altos índices de violência enfrentada por corpos LGBTQIAP no país. Segundo um levantamento do “Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+” que reúne diversas organizações da sociedade civil, o Brasil registrou cerca de 316 mortes violentas por conta de LGBTfobia no ano de 2021. Além disso, dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA) aponta que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, tendo no ano de 2020, 175 assassinatos de pessoas transexuais, o que equivale uma morte a cada 2 dia, tais levantamentos evidenciam assim a necessidade de ferramentas que diminuam esses índices. Nesse sentido, é possível apontarmos o atual contexto sócio-político brasileiro através da ascensão de representações cristãs conservadoras como principal mecanismo reforçador de LGBTfobia no país, tal radicalismo difundido pela extrema direita promove desafios significativos nas lutas LGBTQIAP no território brasileiro, como também um retrocesso nas políticas públicas direcionadas a essa população. A tentativa de segregação social que afeta os indivíduos que performam sexualidades e identidades de gênero não heterocisnormativas expõe não apenas a violência física como marcador de exclusão mas também a violência psicossocial que marca esses corpos e produz o apagamento de suas identidades, como a falta de autoaceitação e o sofrimento psíquico advindo de patologias mentais como depressão e possíveis quadros suicidas, outras instâncias de exclusão se apresentam como fatores significativos no processo de deslegitimação de corpos LGBTQIAP, como a vulnerabilidade socioeconômica, a negação a assistência à saúde e toda violência promovida institucionalmente. Nessa conjuntura, a filósofa Judith Butler afirma: “para ‘ser’ no sentido de ‘sobreviver’, o corpo precisa contar com o que está fora dele” (BUTLER, 2016, p. 58). Assim, tal temática se articula com a necessidade de produzir discussões expositivas acerca dos atravessamentos psicossociais enfrentados pela comunidade LGBTQIAP e as diversas formas de violência vivenciadas por essa população no atual contexto sócio-político brasileiro, como também a indispensabilidade da atuação profissional do psicólogo frente às demandas de diversidade de gênero e sexualidade promovendo espaços de resistência e lutas antilgbtfóbicas. OBJETIVO: Objetivos Gerais: Este minicurso tem como objetivo promover coletivamente um espaço de discussão, informação e reflexão acerca das temáticas sobre diversidade sexual e de gênero em uma perspectiva de exclusão e violência vivenciada pela população LGBTQIAP e os atravessamentos psicossociais que esses corpos enfrentam no atual contexto sócio-político brasileiro. Objetivos Específicos: Executar de maneira informativa através das atividades propostas uma compreensão sobre a luta LGBTQIAP no contexto brasileiro. Explicitar através dos indicadores sociais como o atual contexto sócio-político cristão conservador de extrema direita contribui para os altos índices de lgbtfobia e promove a segregação da população LGBTQIAP no Brasil. Proporcionar aos participantes um espaço acolhedor para que possam expressar suas vivências e experiências acerca da temática tratada, promovendo uma reflexão sobre si mesmos e seus papéis sociais, no intuito de construir dispositivos de resistência e integração profissional no que concerne à temática LGBTQIAP. METODOLOGIA: No desenvolvimento do minicurso, prevê-se o envolvimento dos participantes a discussões, vivências e produção de conhecimento sobre a temática sugerida através de três momentos específicos: 1- uma apresentação expositiva dialogada abordando o temática a partir de conceituações da psicologia social. 2- uma atividade de construção de um painel coletivo que expressa a interpretação dos participantes sobre as vivências, vidas, histórias, e atravessamentos de sujeitos LGBTQIAP, entre outras. 3- por fim, um momento de fechamento promovendo a ressignificação do "ser um sujeito LGBTQIAP" nos espaços que esses corpos ocupam, apresentando as experiências dos participantes frente às discussões propostas no minicurso, como também possíveis dispositivos que promova integração entre a atuação do profissional da psicologia e a luta LGBTQIAP. REFERÊNCIAS Butler, J. (2016). Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? (S. T. M. Lamarão & A. M. Cunha, Trads.) Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. VISIBILIDADE TRANS: Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. G1 Globo, 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/stories/2021/02/01/visibilidade-trans-brasil-e-o-pais-que-mais-mata-transexuais-no-mundo.ghtml. Acesso em: 20 Ago. 2022.
Palavras-chave: Lgbtfobia; psicossocial; resistência.