Resumo: O presente trabalho apresenta o funcionamento de uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), abordando sobre seus desafios e esperanças, tomando como base a RAPS do município de Paudalho - PE. A reflexão deste relato é consequência da experiência de estágio no Centro de Atenção Psicossocial deste município (CAPS do tipo 1 - Flor da Mata). O Estágio foi desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS - Flor da Mata) do município de Paudalho, que se configura num CAPS tipo 1, modalidade para municípios com população de 20 mil até 70 mil habitantes, que atende demandas em geral de transtorno mental e uso abusivo de álcool e outras drogas (BRASIL, 2002). A disciplina em questão, tem como proposta apresentar ao discente a prática da clínica em Psicologia em seus diversos espaços, sendo a atuação no campo social uma possibilidade neste meio, configurando a saúde e o social numa proposta de Clínica Ampliada. Esta última questão remonta à proposta trazida pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), desdobramento da Lei da Reforma Psiquiátrica, 10.216/2001, que propõe um novo modelo para a assistência em saúde mental no país, priorizando o cuidado em liberdade, territorial, indo de encontro ao modelo manicomial (BRASIL, 2011; BERNARDI et al., 2015). Considerando a necessidade e a importância de um cuidado em rede de saúde mental, pretende-se aqui relatar como uma rede articulada irá preconizar o cuidado no território, facilitará o acesso aos dispositivos de saúde, fazendo valer a Portaria nº 3.088 de 2011. Esta institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2011). Tendo como objetivo presentar a Rede de Atenção Psicossocial do município de Paudalho - PE, dialogando com suas articulações e as ofertas do cuidado em saúde mental, discutindo seus recursos e possibilidades. Através de uma observação participante se buscou investigar o funcionamento da RAPS deste município, sendo um método qualitativo de cunho de pesquisa etnográfica tradicional, abrangendo quando possível a relação pesquisador e pesquisado (MARIETTO, 2018). Tal proposta surge na disciplina de Estágio Supervisionado Específico B da matriz curricular do Curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio do Recife. Foi possível observar a RAPS do município através das reuniões de equipe, do matriciamento, das visitas aos demais dispositivos da rede (Paudalho conta com uma Residência Terapêutica do tipo 1, com um Ambulatório de Saúde Mental, além das UBS e a UPA). Mostrando como o cuidado em saúde mental se mostra como um desafio quando a rede não consegue articular os serviços de saúde, o que se viu nessa experiência é que a qualidade dessa oferta se dá quando o diálogo entre os dispositivos acontece de fato. Além de uma formação continuada entre os profissionais de saúde, também é necessária uma gestão pública interessada com a saúde mental, nesse sentido Paudalho - PE se apresenta na vanguarda desse cuidado. Os serviços não sofreram baixas mesmo com o período marcado por menos investimentos em saúde no País, pelo contrário, o município vem expandindo a oferta de cuidado, como a criação de um serviço ambulatorial de saúde mental voltado para o público infanto-juvenil. É necessário também recordar que ainda há muito o que se avançar, como a necessidade de um CAPS 24h no município, ou uma melhor articulação com os dispositivos do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), mas é inegável observar como a Rede de Paudalho - PE faz uma saúde mental valorizada, de um cuidado digno, que respeite seu usuário. Mostra que é possível potencializar esse cuidado, reforçando que a articulação de qualidade dessa rede pode ser real, trazendo esperanças em tempos de pouca estabilidade nesse meio..

Palavras-chave: RAPS; rede; estágio; esperança; cuidado em saúde mental.