Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VIII, 2022
PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS
ISSN 2965-226X
Grupo de Integração LGBTQIAP (GIL): espaço de resistência, de potência e de afeto
Maria Augusta Costa dos Santos (Universidade Federal de Alagoas);
Carolina Ventura Cavalcante Barbosa (Universidade Federal de Alagoas)
Eduardo Wesley Marcolino da Silva (Universidade Federal de Alagoas)
Tuane Vieira da Silva (Universidade Federal de Alagoas)
Liliam Açucena dos Santos Martins (Universidade Federal de Alagoas)
Lucas Flávio de Oliveira Lima (Universidade Federal de Alagoas)
Resumo: O Grupo de Integração LGBTQIAP (GIL), é um grupo de estudos e extensão, localizado na Universidade Federal de Alagoas, Unidade Educacional Palmeira dos Índios, e que tem por objetivo informar, comunicar, conscientizar e capacitar os espaços de saúde e seus respectivos profissionais frente aos manejos e práticas de integração das demandas relacionadas a pluralidade de identidades de gênero e sexualidade, visto que promover a saúde integral da população LGBTQIAP é previsto por lei através da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) como garantia de um acesso humanitário e redutor das desigualdades institucionais. Tal projeto vem desenvolvendo atividades que visam não só a informação e conscientização da população quanto às demandas advindas da comunidade LGBTQIAP, mas também, espaços de acolhimento e de conscientização desta mesma população. A princípio, o projeto foi pensado como grupo de estudos, no entanto, diante da grande demanda encontrada por estudantes em estágio ou em atividades de extensão em serviços de saúde da região do agreste alagoano, principalmente no que tange ao desrespeito e à violência voltada aos corpos LGBTs, decidiu-se pela realização de capacitações das equipes de saúde que trabalham diretamente na atenção básica em saúde. Não sendo possível abranger todos os municípios do Agreste, optou-se nesse momento pela realização dos trabalhos nas Unidades Básicas de Saúde do município de Palmeira dos Índios (onde a Unidade Educacional está localizada) e em etapas seguintes, a capacitação de equipes de outros serviços que compõem a rede, tais como Hospitais, CAPs, UPA, entre outros. Para tanto, pensou-se em duas grandes ações: a primeira delas - a formação dos estudantes dos cursos de psicologia e serviço social para ministrarem tais capacitações; a segunda, a realização das mesmas em uma parceira IES-Serviços-Comunidade. Para além dessas ações, percebeu-se que os estudantes que participam do projeto, veem nele não apenas um espaço de aprendizagens, mas também de resistência, militância, acolhimento e afetos. Assim sendo, a proposta inicial de um grupo educativo foi ampliada também para um grupo de acolhimento, partilha, potência e afeto, onde antes ou depois de cada reunião formativa, espaços de acolhimento e expressão de suas próprias vivências fossem proporcionados aos seus membros. Ademais, entendemos a formação como espaço de potencialização, de bons encontros e de desenvolvimento de bons afetos e por tanto, não poderíamos negar aos estudantes esses momentos que se mostraram tão necessários. O projeto tem pouco mais de um mês de vida, mas conta hoje com a participação de 33 estudantes (32 do curso de Psicologa e uma do curso de Serviço Social), dentre estes uma bolsista (Edital PROFAEX 2022), duas estagiárias, um estagiário e 29 voluntários e voluntárias. A maioria das/dos participantes se identifica como parte da comunidade LGBTQIAP, mas há também estudantes que se identificam como heterossexuais. Também em sua maioria (31 participantes) se identificam como cis e apenas dois se identificam como transgêneros. Embora não previsto para esta etapa, uma vez que o projeto começou a ser divulgado, já foi solicitado para a realização de duas oficinas vivenciais em eventos oficiais do Campus ao qual faz parte, o que demonstra a grande demanda advinda da comunidade no que tange às vivências de corpos LGBTs. Também já realizou e participou de dois outros eventos onde pôde-se discutir temas ligados à temática aqui apresentada. Muitos são os desafios, mas na mesma proporção são as aprendizagens e a resistência em um momento em que a comunidade e os corpos LGBTs vêm sendo atacados, desrespeitados, violentados e muitas vezes assassinados com o estímulo e a proteção do discurso do governo do Brasil. É na resistência diária que criamos e criaremos espaços de vivência, de aprendizagens, de potência e de afetos, que visam o conhecimento das demandas dessa população e ainda a ampliação do respeito à vida de corpos LGBTQIAPs.
Palavras-chave: Corpos LGBTQIAP+; Diversidade de gênero; Psicologia e sexualidade.