Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO 

VOL. VIII, 2022

PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS

ISSN 2965-226X

Reformas Trabalhista da Previdência: Impactos na Saúde Mental dos Trabalhadores Informais e Atuação do Psicólogo Histórico-Cultural

Maria Quitéria Castro de Brito 

Universidade Federal de Alagoas

Universidade Venda Nova Imigrante

Resumo: Apresente pesquisa teve como objetivo compreender como se dá os impactos das Reformas Trabalhista e da Previdência na saúde mental de trabalhadores informais. A análise dos dados será realizada a partir do referencial teórico da Psicologia Histórico cultural e da metodologia da análise de conteúdo. Para a compreensão desses aspectos, apresentei uma discussão acerca da construção social e histórica do conceito de trabalho, voltado para o trabalho neoliberal da atualidade, evidenciado a partir do contexto informal, intensificado após a Reforma Trabalhista e Reforma da Previdência. Visando compreender como se dá as consequências delas nesse formato de trabalho e se, nesse processo pode-se considerar alguma consequência na saúde mental desses trabalhadores. Essa pesquisa focalizou no caráter qualitativo, exploratório e descritivo. Em um primeiro momento, foi realizada uma revisão de bibliografia relacionando os escritos dos últimos cinco anos (2016-2021), com os marcadores Psicologia Social do Trabalho, Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, Saúde Mental do Trabalhador e Trabalho Informal com o conectivo “e” em bases de dados SciELO, PePSIC, LILACS e Index Psi. Sendo eles, a relação entre trabalho informal e adoecimento psíquico. Durante a busca, apareceu 239 (duzentos e trinta e nove) artigos e após a pré análise do material, foram eleitos como adequados para essa pesquisa seis artigos. Foi possível observar um movimento de sucateamento dos direitos trabalhistas através das alterações no sistema de regulação social do trabalho e sua proteção, mais especificamente através das Reforma Trabalhista, o que gera dificuldades no processo de reinserção no mercado formal de trabalho, encontrando na informalidade o único recurso para enfrentamento do desemprego. Referente a Reforma da Previdência, vendida como ferramenta para conter o déficit fiscal, são vistas como instrumentos de desconstrução de direitos adquiridos através dos movimentos sindicais inviabilizando os direitos fundamentais, atingindo desde jovens até idosos. Nesse processo, a saúde mental do trabalhador é diretamente impactada, ocorre uma visão dicotômica do que seria trabalho, aquele que num primeiro momento foi elemento fundador do homem, deixa de ser um espaço de autorreconhecimento e passa para um local de desenvolvimento de adoecimento psicológico, desamparo e fragilização tanto do corpo, quanto do outro, incluindo o trabalhadores da psicologia, que podem ter sido afetados negativamente em alguma escala. Este artigo trata-se de um estudo bibliográfico baseado no método de análise de conteúdo. Por fim, o estudo auxiliou no maior entendimento acerca da temática; Foi possível observar as seguintes intervenções na condição de psicólogo: O primordial é que tenha consciência acerca da realidade concreta do contexto em que atua e como estabelece relação com ele; quais são seus limites e possibilidades de atuação; como entende o processo de construção da reforma trabalhista e do trabalho terceirizado (principalmente quando o realiza), e o que é produzido por ela. (LOPES, SILVA et al. 2020). Também é necessário observar em perspectiva, de acordo com (LOPES, SILVA, SHIOZAKI e FREITAS, 2020), clínica, interdisciplinar e política. Cabe ao trabalhador da psicologia da rede Primária na (ESF) e no (Nasf), conscientizar o trabalhador acerca do (Cerest), caso o mesmo não o conheça e também sobre seus direitos de acolhimento e acompanhamento psicológico. E qualquer ação do psicólogo que possa superar as condições concretas atuais, sem que as replique, somente poderá ocorrer a partir da consciência crítica da realidade se incluindo nessa situação. O contrário disso somente irá conservar e contribuir com as mazelas que as condições neoliberais de trabalho produzem. Considerar a Psicologia como campo de análise e construção das realidades sociais, é compreender que as realidades subjetivas são construídas no campo material e que, para analisar a realidade é necessário ir também, ao encontro dessas subjetividades. A Psicologia durante muito tempo se fez acessível apenas para uma determinada classe e seus estigmas limitaram ainda mais o acesso da população a esses serviços. Dessa forma, poucas pesquisas objetivaram compreender a realidade desse grupo escolhido, parte disso, devido à visão liberal, onde o estado não enxerga como seus, esses problemas de trabalho. A Psicologia se faz cotidianamente e ir no espaço popular, também é romper com a hierarquização da imagem desse serviço. A relevância, a disponibilidade dessas informações poderá basear pesquisas posteriores dentro da temática escolhida, auxiliando práticas profissionais, com intervenções mais adentradas e alinhadas à realidade. Buscando assim romper com um modelo de psicologia do trabalho que visa a produção e o lucro, em detrimento da saúde do trabalhador. Para além, é necessário propor estudos que possam contribuir com as discussões acerca da saúde mental dos trabalhadores do Brasil e incentivar futuras pesquisas acadêmicas e institucionais em que se possam buscar medidas de intervenção para prevenir o adoecimento psíquico e promover o bem-estar do trabalhador em situação de trabalho informal.


Palavras-chave: Trabalho Informal; Psicologia Social do Trabalho; Saúde Mental.

Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO