Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO 

VOL. VIII, 2022

PSICOLOGIA SOCIAL E PRÁXIS INTERSECCIONAL: DESAFIOS FRENTE À TAREFA DE RECONSTRUÇÃO POLÍTICA DO PAÍS

ISSN 2965-226X

Intervenções Psicoeducativas em um Hospital Maternidade: cuidado materno no puerpério

Marília Almeida Alves

(Universidade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN)

Resumo: A gravidez é um período de muitas mudanças e adaptações para a mulher, nas esferas biológicas, emocionais, psicológicas, comportamentais, etc. Após o parto a mulher encontra-se com maior vulnerabilidade para alguns transtornos comuns nessa fase, atrelados às alterações no humor, que podem variar de leves a severos. Zinga et al. (2005) traz que momentos de grandes mudanças hormonais, como a gravidez e a pós-gravidez, podem ocasionar alterações no humor das puérperas, e vir a desencadear alguns transtornos mentais. Objetiva-se com este trabalho, discutir acerca dos transtornos puerperais que acometem as mães no pós-parto, e de que forma o conhecimento sobre estes transtornos pode vir a contribuir gradativamente no cuidado materno. Este estudo é um relato de experiência fruto de intervenção psicoeducativa acerca da saúde mental materna, trazendo a informação como propulsor, e propagando noções sobre os aspectos emocionais e os transtornos acometidos às mães/puérperas. A intervenção foi realizada por 4 Estagiários de Psicologia, da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB). O Baby Blues, ou tristeza puerperal, foi o transtorno escolhido para a intervenção, especificamente por ser o que acomete o maior número de mães nesse período e apresenta um desfecho mais favorável mesmo sem intervenção medicamentosa. Por ser muito comum a sua incidência se faz necessário ações psicoeducativas com vista, principalmente, a diferenciá-la da depressão pós-parto, transtorno com maior duração e com comprometimento mais severo. A ação ocorreu nas enfermarias de obstetrícia, inicialmente foi efetuada uma breve conversa acerca da percepção destas mulheres sobre o Baby Blues, em seguida para trazer informações mais detalhadas em relação a temática, elaborou-se uma cartilha informativa que foi entregue às puérperas durante a intervenção. Posteriormente, houve um momento de discussão grupal com trocas de experiências, explicação de alguns termos, orientação de autocuidado, fortalecimento da rede de apoio social e familiar e por fim feedback das participantes acerca da intervenção. Segundo um estudo feito pelos pesquisadores Marques & Rosa (2012), a diferença entre o conhecimento do próprio corpo e de seu desenvolvimento, entre jovens de zona rural e zona urbana, é significativamente diferente, ou seja, o acesso à informação no meio rural pode ser mais precário que em outros âmbitos sociais, o que dificulta o processo de conhecimento sobre situações que os acometem quando iniciam a vida sexual, por exemplo. É visto que, a educação sobre o próprio corpo e emoções ainda é um assunto pouco discutido, principalmente em zonas rurais. Em suma, a intervenção proposta trouxe para as puérperas novas formas de compreensão sobre a pós-gestação, uma vez que o processo de sabedoria de uma mulher sobre o próprio corpo também é uma forma de empoderamento feminino. Trazer à tona informações acerca de transtornos mentais é um trabalho fundamental da Psicologia, tendo em vista que, apesar da evolução de sua importância na sociedade, fenômenos mentais ainda são pouco discutidos . Em síntese, atestou-se que a intervenção em questão teve grande importância na relação da mulher com seu próprio corpo e subjetividade, pois a popularização sobre determinados tipos de conhecimentos envoltos a temática de saúde mental são cruciais para que mulheres em fase puerperal compreendam seus sentimentos e o processo pelo qual são acometidas, criando situações de aclaração nestas pacientes, e reduzindo a dúvida e a culpa por estarem vivenciando determinados transtornos.


Palavras-chave: Mães; Puerpério; Psicologia; Saúde Mental; Transtorno.

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